segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Rodrigues, Diogo - 1528


A ilha tem este nome português da costa, Rodrigues, foi descoberta em 1528, ainda sem resort ou viagens a preços de saldo em avião fretado.

A esta ilha, a 300 milhas das Maurícias (descoberta portuguesa, claro), acostou o velejador solitário açoriano Genuino Madruga, um herói antigo e moderno ao mesmo tempo. Fundeou na semana passada depois de atravessar o oceano Índico em 20 dias vindo de Bali (Indonésia), e muito depois de ter largado dos Açores em Agosto de 2007.

Para saber tudo sobre este homem temente a Deus e fiel aos seus patrocinadores, consultem


Ele merece, e sabe qual a diferença entre contemplar o nosso barquinho, e arrancar nele para a aventura, sem trânsito, patrões (dos outros...), colesterol ou crises de subprime (tradução: debaixo da prima, segundo alguns, ou carne de segunda, de acordo com outros)

Boa Noite e Boa Sorte

domingo, 28 de setembro de 2008

Roendo uma laranja na falésia

O que esta terra tem que as outras não têm, o que este mar diz que os os outros não dizem, o que estes peixes sorriem como os outros não sorriem, aonde esta estrada leva que as outras não levam.

Nada, apenas os que contemplam o mar, os que vivem do mar, os que sobem e descem a rua num pequeno carro várias vezes ao dia para arranjar as peças que salvam esta e aquela embarcação, os que correm pelas crianças que não têm playstation, os que fazem bengalas.

Nada, só os cães que seguem os velhos, porque o passo é certo e com hora certa, e preferem os velhos aos que os enganam com mãos sujas e moral declarada em postais de férias.

Nada, porque os que não têm nada não precisam de quem os proteja, não precisam que digam que precisam, não precisam de tantas certezas de quem não tem certeza de nada.

Nada, porque a segurança não é social, é individual, naqueles trezentos metros que demoram trinta minutos a percorrer, seguidos pelo cão, talvez não o melhor amigo daquele homem, mas de certeza o único que não tem uma moral para oferecer a quem não precisa.

Nada, porque aquele homem pára quando quer para ver o que quer, e tem a terra e o mar todo para ver com os seus olhos e não os de quem diz querer saber deles.



Deixem viver quem sabe, até quando quiser. Aqui neste lugar.


quinta-feira, 25 de setembro de 2008

The British Virgin Islands - 4ª parte

E não ficamos pelos Bath, na Virgin Gorda, já que após o almoço, concluimos ser recomendável reabastecer de água doce.


Nem calculam quanta água se gastou ... mesmo com 4 tanques para um total de 300 galões ... dois a três dias bastavam para esgotar a nossa capacidade, já que os hábitos de banhos prolongados se mantiveram, para a manutenção da cútis perfumada e cabelos esvoaçantes...
Assim aportamos a Spanish Town antiga capital do arquipélago, que dispõe de uma boa marina e serviços.

Além da água espiamos o super mercado e aproveitamos para repor a dispensa de bordo que já apresentava alguns "rombos" ....


Houve quem adquiriu lembranças para os parentes e amigos, quem tenha procurado o únco ATM do arquipelago fora de Tortola, principalmente para manter o caixa de bordo capaz de suportar as despesas nos restantes dias.

E vageou-se um pouco pela "cidade".

Entretanto o Francisco descobriu uns sumos que todos apreciamos durante a estadia em terra.














Como se iniciou o campeonato do mundo de futebol, já que a bordo seguiam cidadão de Brasil e Portugal, resolvemos astear os respectivos pavilhões de cortesia numa adriça do vau de bombordo ... assumindo o previlégio lusitano e marcando a nossa presença nestas paragens das Caraíbas.

Pernoitamos na baia contigua com a companhia de um veleiro de cruzeiro profissional.



Vide 'o mare quant’è bello


Vide 'o mare quant’è bello,
Spira tantu sentimento,
Comme tu a chi tiene mente,
Ca scetato 'o faie sunnà.

(Espanha, Costa del Sol, Marina del Este, 31 Julho 2008)

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Branca de Neve: a última fronteira do Árctico a 75º de Latitude N


Snohvit (Branca de Neve) é um terminal de liquefacção de gás natural construido pela Statoil no norte da Noruega (Hammerfest) com entrada em operação em 2007.
A actividade consiste em extrair gás natural do Árctico a 140 km de distancia, liquefazê-lo a -165º e colocá-lo em navios metaneiros para exportação.

É o único terminal de liquefacção da Europa e é o espelho do terminal de Sines, que recebe gás liquefeito e o regaseifica para entrada na rede nacional e no consumo industrial e doméstico do país.

É um projecto de tecnologia recente com a grandeza de se situar numa região de clima muito difícil onde a noite perdura por 5 meses no ano.


O Arctic Princess (que estará em Sines no próximo ano) é um dos dois navios da Statoil onde o gás é carregado para entrega em terminais da Europa e dos Estados Unidos.

O Solaris encontrou-se com o Arctic Princess em Agosto no regresso das férias das baleares, aqui retratadas neste blog. O skipper do Solaris (eu) encontrou-se com o Arctic Princess na semana passada em Hammerfest.


Small world ....

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Nova lancha dos pilotos de Sines


Por especial deferencia do nosso amigo Comandante Carvalho, apresenta-se a nova lancha dos pilotos do porto de Sines.


Acedam ao link:

domingo, 14 de setembro de 2008

Bichos



São horas de te receber no portaló da minha pequena arca de Noé. Tens sido de uma constância tão espontânea e tão pura a visitá-la, que é preciso que me liberte do medo de parecer ufano da obra, e venha delicadamente cumprimentar-te uma vez ao menos. Não se pagam gentilezas com descortesias, e eu sou instintivamente grato e correcto.


Os Bichos - Miguel Torga


Torga: designação nortenha da urze, planta brava da montanha, que deita raízes fortes sob a aridez da rocha, de flor branca, arroxeada ou cor de vinho

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Patrões e agregados na mastigança...

Pergunta-se com a propósito sobre a convivência de alguns patrões de Sines.
Desvendo parte do "mistério", pelo menos no que à "mastigança" possa dizer.
Primeiro é necessário preparar os acepipes ou similares ....
Uns são experimentados confeccionadores, outros aprendizes, havendo mesmo os inicidos em matéria de acendalha, carvão e sardinha na brasa.



Após exaustivas explicações e demonstrações práticas de como chegar a brasa para a sardinha, lá se arranjou mais um aprendiz de assador, que, tal como a imagem levando a acção com dedicação serviu para um agradável encontro de gastronomia tradicional ....Simpáticamente o grupo não desancou o assador, nem desmereceu do paladar do peixe.
Daí a organizar-se outro evento foi o lapso de uma semana ... e lá nos encontramos em grupo mais alargado para nova tertulia gastronómica.
Desta vez pelo sim pelo não, iniciou-se por entradas menos sofisticadas que "sardinhas" na brasa.

As hostilidades iniciaram-se confortávelmente em pátio de vistas largas e mesa farta de petiscos promovidos pelos amáveis anfitriões ... (reparem que havia "fotografa de serviço"....)


Em continuidade lá voltamos ao assador com a precaução de prever um grelhador eléctrico, não tivesse o aprendiz a petulancia de voltar à lide...














Mas como a confiança no assado não era lá grande coisa, à cautela a cosinha convencional orientada por "experts" serviu para abrir a comilança ...














Fica nota do "mentor"junto das "mártires consortes" ...


Assim, sem motivo de reparos, conviveu-se e mastigou-se lauta e maravilhosamente.



Deu até para uma sesta ensolarada ...



Sem esquecer a foto dos "patrões" ...


Desta forma se passou um belo fim de semana .....

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

The British Virgin Islands - 3ª parte

O vento fresco da noite mantinha-se proporcionando boa velejada pelo que decidimos aproveitar e seguir rumo a Norte, proa 0ª autentica, até Bath na Virgem Gorda, onde fundeamos para almoço e visita a terra com aproveitado mergulho na praia.





















As fotos falam por si.
Entretanto, as virtudes colinárias do Nelson desta vez com colaboração da Márcia, manifestam-se e lá nos refastelamos com excelente almoço, a bordo do "Caroline", nome do nosso "navio".

O repasto foi no poço, confortávelmente adaptado a sala de refeições ao ar livre ...













Esta destinou-se apenas a abrir o apetite, há mais em próximos capítulos....

The British Virgin Islands - 2ª parte

Estamos então no dia 05 de Junho de 2006, e aportamos a Norman Island, onde nos deliciamos com o primeiro almoço a bordo, confeccionado com requintes pelo jovem casal Mónica e Francisco.
Após a visita às "Caves" e mergulho para os mais jovens (neste capitulo Nuno pai e Márcia levaram desvantagem já que miopia de um e ouvidos do outro não recomendavam "viagens" submarinas), mudança de poita para o pernoite.









Pensamos jantar em terra e a quente, acreditando em iguarias do mar a custo convidativo, porém desistência imediata, já que os petiscos se sucediam a bordo e os preços para duvidosos "acepipes" locais, à base de carne congelada e salsichões, não eram convidativos. Enganados ficam os que, neste arquipélago, imaginam frescos do mar à fartazana ....
Noite não muito bem dormida, para debutantes nestas coisas tudo ou quase era novidade e motivo para abrir o olho, adriças que insistem em bater no mastro do que resulta musicalidade própria, alguém não travou o leme e este insistia em passar de um ao outro extremo com sonoridade perturbante, lá para as tantas levantou-se vento forte com consequente marola ... toca a confirmar a amarração à poita, porém nada que nos tirasse o bom humor matinal, quando o Francisco, exemplarmente, iniciou a faina com baldeação do convés.
Após lauto desjejum, proa 86º para Treasure Point , alterando, depois para 45º até Peter Island.
Quartos de leme estabelecidos, pois que isso de piloto automático era mais um luxo não operacional.
Vamos à apresentação dos diversos timoneiros:

Nuno filho, que por hábitos de regateiro não deixa nenhum veleiro nas imediações ganhar-nos qualquer vantagem ....









O já mencionado casal Mónica / Francisco, ele o patrão mais experimentado nestas marinharias, que simpaticamente acedeu ser "comandado" pelo patrão mais velho que vos escreve, mas não prescindiu de assumir sempre as manobras mais complexas, bem secundado pela Mónica principalmente nos cozinhados....
Teresa a minha querida nora, aqui muito empenhada na redacção do diário de bordo, função que, entre outras assumiu com dedicação e eficácia.


Falando em queridas a minha Márcia, entre boas comidinhas, apoio logístico e zeladora das azafamas de faxina, colaborou também na marinharia e boa disposição.












Propositadamente restam os mais experimentados, o Nelson que insistiu toda a viagem em trazer peixe fresco a bordo, sem sucesso mas muita galhardia, aqui a demonstrar os seus dotes de paciente "pescador" em dia de chuva incomoda. Além disso sempre que a acção era musculada ... içar a grande, por exemplo, não podíamos prescindir da sua disponibilidade.


Nesta maravilhosa equipa, alguém se preocupava com os rumos .... Nuno pai.












Continua nos próximos capítulos ...

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

The British Virgin Islands

Foi objectivo deste blogue a divulgação das nossas experiências de patrão. Foi ideia informar para que outros possam repetir as boas e evitar as más ....
Com algum atraso e alguma repetição, considerando que esta foi uma viagem de férias de 2006, proponho-me deixar aqui alguns momentos bem vividos.
Ilhas Virgens Britânicas para quem não conhece, são parte do arquipélago das Ilhas Virgens, partilhado administrativamente pelos Estados Unidos, as ilhas mais a SW e a Inglaterra as a NE.
Formou-se um grupo, que inicialmente se configurava de 10 pessoas, mas que felizmente, para conforto dos integrantes finais, se limitou a 7.
Nomes próprios apenas, Márcia, Mónica e Teresa, as marujas, Francisco, Nelson e Nunos, pai e filho, no contingente dos barbudos ...
Todos equipados com Tshit's aluzivas ao evento, onde o esquema do arquipélago foi evidenciado.
Imagem da primeira manhã, antes de se zarpar
à aventura marítima ....
Antes porém havíamos viajado de Lisboa a Antuérpia, depois a St. Marten e finalmente a Tortola.
O Beneteau de 50' aguardava-nos em Road Town.
Na primeira manhã, enquanto uns se dedicaram à aquisição e guarda dos mantimentos, outros trataram da confirmação do charter, documentação, pagamentos, vistoria às condições do barco, etc.
Considerando que o essencial estava funcional, ignorou-se detalhes de falta de alguns elementos de electrónica hoje indispensáveis, como o radar e GPS inoperativos, por exemplo. Coisas de somenos importância para quem voou de St. Marten a Tortola num teco-teco dos anos 60 e depois "chocalhou", do aeroporto à marina, numa carrinha táxi, com volante para condução à direita em tráfego à esquerda, por estrada estreita, sinuosa e movimentada, um motorista perfeitamente alucinado por nos impressionar com as suas virtuosidades de piloto de ralis ....
Nós já estávamos por tudo.

Concluídas as preliminares, zarpamos ao final da manhã, com destino, às Litle Sisters, melhor dizendo, para Norman Island, adoptando uma proa verdadeira de 189º.










Amanhã há mais.....

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Nem só de mar vive o homem


(Formentera, Baleares de 21 a 30 de Julho)

A vida decorre plácida.

Eu disse plácida? Desculpem, queria dizer que os marinheiros estão sempre a trabalhar, lavando a embarcação, polindo os metais, vigiando as vigias, cozinhando (enquanto há gás, sim que o gás em garrafinhas pequenas a alimentar a populaça do solaris não é eterno, ao contrário do atum , o leite com chocolate, as latas de cogumelos, que aparecem na mesa sem ser convidadas, o café solúvel e os flocos vermelhos de Kellogs).

Eis um exemplo de raro momento de lazer em que o cansaço sulcado nos rostos rudes e as mãos calejadas de tanto labor podem repousar em esparsos lapsos de tempo roubados às duras lides do mar.

Assim se esteve por ali, dias difíceis entre ventos inexistentes e águas límpidas, convés permanentemente ilustrado com cabelos de damas descuidadas e batatas fritas lays esmagadas e encrustadas na teca.