segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Nem só de mar vive o homem


(Formentera, Baleares de 21 a 30 de Julho)

A vida decorre plácida.

Eu disse plácida? Desculpem, queria dizer que os marinheiros estão sempre a trabalhar, lavando a embarcação, polindo os metais, vigiando as vigias, cozinhando (enquanto há gás, sim que o gás em garrafinhas pequenas a alimentar a populaça do solaris não é eterno, ao contrário do atum , o leite com chocolate, as latas de cogumelos, que aparecem na mesa sem ser convidadas, o café solúvel e os flocos vermelhos de Kellogs).

Eis um exemplo de raro momento de lazer em que o cansaço sulcado nos rostos rudes e as mãos calejadas de tanto labor podem repousar em esparsos lapsos de tempo roubados às duras lides do mar.

Assim se esteve por ali, dias difíceis entre ventos inexistentes e águas límpidas, convés permanentemente ilustrado com cabelos de damas descuidadas e batatas fritas lays esmagadas e encrustadas na teca.

4 comentários:

Patrões de Sines disse...

O que mais me tem "preocupado" nos relatos do Carlos é constatar as "enormes dificuldades e agruras passadas".
Calamrias, bons portos, aprasiveis lugares de visita, enfim, umas férias de sonho ... e este insinuar de dificuldades marinheiras.
Estou, sem ter partilhado, a adorar as vossas "terriveis e atormentadas" travessias e navegadas.
Um abraço.
Nuno

Anónimo disse...

Pois meus caros amigos, eu posso atestar da dureza destes dias, que aliás está bem espelhada nos nossos rostos!
Chegávamos ao pôr-do-sol cansados de passar os dias ao vento e ao sol, por entre salvamentos de diguis, que teimavam em se soltar do solaris ou perder a gasolina a meio do percurso, ou entre mergulhos e braçadas nas águas quentes do mediterrâneo para manter a forma física! E depois lidar com o excesso de peso, proporcionado pelas garrafas de líquidos aromáticos e inebriantes, que tentávamos libertar ao solaris.
Para o ano há mais, e que sejam mais barcos para partilhar esta dureza!

Anónimo disse...

Sim, para o ano ja devem poder contar com o "Poeta"!!! ;))

Carlos Azevedo disse...

Ah sim o "Poeta", um caso sério de marinharia "azarada", que o raio das adriças teimam em não cumprir a sua tarefa de subir velas, e as genoas de enrolar teimam em ficar enroladas, afinal são de enrolar, mas não necessariamente de desenrolar.

Enfim a poesia é sentimento, uma metáfora da realidade de cada um. É assim o "Poeta", um caso que adoramos mesmo estando sempre "de capa" ;-))