domingo, 28 de setembro de 2008

Roendo uma laranja na falésia

O que esta terra tem que as outras não têm, o que este mar diz que os os outros não dizem, o que estes peixes sorriem como os outros não sorriem, aonde esta estrada leva que as outras não levam.

Nada, apenas os que contemplam o mar, os que vivem do mar, os que sobem e descem a rua num pequeno carro várias vezes ao dia para arranjar as peças que salvam esta e aquela embarcação, os que correm pelas crianças que não têm playstation, os que fazem bengalas.

Nada, só os cães que seguem os velhos, porque o passo é certo e com hora certa, e preferem os velhos aos que os enganam com mãos sujas e moral declarada em postais de férias.

Nada, porque os que não têm nada não precisam de quem os proteja, não precisam que digam que precisam, não precisam de tantas certezas de quem não tem certeza de nada.

Nada, porque a segurança não é social, é individual, naqueles trezentos metros que demoram trinta minutos a percorrer, seguidos pelo cão, talvez não o melhor amigo daquele homem, mas de certeza o único que não tem uma moral para oferecer a quem não precisa.

Nada, porque aquele homem pára quando quer para ver o que quer, e tem a terra e o mar todo para ver com os seus olhos e não os de quem diz querer saber deles.



Deixem viver quem sabe, até quando quiser. Aqui neste lugar.


1 comentário:

Patrões de Sines disse...

Vou lá de quando em quando para saborear uns petiscos...
É mesmo terra simpatica e cabe em por aqui... terra virada ao mar e sua faina.